Uma equipa de cientistas da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, dirigida pelo professor de astronomia Jean-Luc Margot, observou durante cinco anos pequeníssimas variações da rotação de Mercúrio na sua órbita em volta do Sol.
Essas oscilações longitudinais, chamadas librações, resultam do efeito da gravidade solar na forma ligeiramente assimétrica do planeta. Os investigadores determinaram que a magnitude das librações era o dobro da que seria de esperar num corpo totalmente sólido, o que só se explica se o seu interior for líquido e não rodar juntamente com a camada exterior.
Os cozinheiros determinam se um ovo está cru ou cozido fazendo-o girar: está cozido se a rotação for uniforme e cru se for irregular.
Os astrónomos estudaram os movimentos de Mercúrio através de telescópios instalados na Califórnia, Porto Rico e Virgínia Ocidental. Enviaram potentes sinais para o planeta e observaram os seus ecos, que configuraram um padrão único de manchas que reflectiam a irregularidade da superfície do planeta em locais muito separados. Ao medirem quando tempo cada padrão de mancha demorou a produzir-se em diferentes locais, foram capazes de calcular a velocidade de rotação de Mercúrio com uma exactidão de uma parte em 100.000.
A possibilidade do núcleo de Mercúrio ser líquido explica a inesperada descoberta, há vários anos, de que Mercúrio tem um pequeno campo magnético e reforça a teoria de que a massa interna do planeta é principalmente constituída por enxofre.
Aquela descoberta, graças à sonda "Mariner 10", surpreendeu os astrónomos por julgarem que o núcleo do planeta, dado ao seu pequeno tamanho, estaria há muito tempo solidificado. Prevê-se que uma sonda lançada pela NASA em 2004, a "Messenger", faça a sua primeira aproximação de Mercúrio em 2008 e comece a orbitar o planeta em 2011. "Esperamos que a Messenger esclareça outras questões que não podemos solucionar na Terra", afirmou Jean-Luc Margot.

fonte: sic online